Dra. Mariana Ortega – Reumatologista

Espondiloartrite (Espondilite Anquilosante)

Dra. Mariana Ortega Perez, MD, PhD
Reumatologista
CRM/SP: 146040
RQE: 108328

Nota importante: Recentemente, houve uma mudança na denominação da doença (de espondilite anquilosante para espondiloartrite). Falaremos neste artigo de espondilite anquilosante, que é o nome mais conhecido até o momento, para melhor entendimento. A espondilite anquilosante é o espectro mais avançado da espondiloartrite (a forma mais precoce). Devemos fazer o diagnóstico o mais precoce possível para tratarmos o paciente ainda na fase inicial, sem lesões ósseas estruturais e sem sequelas.

O que é espondilite anquilosante?

A espondilite anquilosante é uma doença inflamatória, que acomete principalmente a coluna e a articulação sacroilíaca (entre o osso sacro e o osso ilíaco da bacia). Pode também causar inflamação nas articulações periféricas, como mãos, joelhos e tornozelos. Recebe este nome porque, se não tratada adequadamente, pode ocasionar a fusão dos ossos da coluna, o que chamamos de anquilose. Pacientes com espondilite anquilosante podem apresentar sintomas articulares e extra-articulares.

Sintomas articulares da espondilite anquilosante

  • Dor lombar inflamatória: piora ao repouso e melhora ao movimento.
  • Sacroiliíte: inflamação da articulação sacroilíaca, isto é, a articulação entre o osso sacro e o osso ilíaco da bacia. A sacroiliíte pode causar dor em glúteos/nádegas.
  • Artrite (inflamação) das articulações das mãos, joelhos e tornozelos.
  • Rigidez matinal: rigidez da coluna e outras articulações ao acordar. À medida em que o paciente vai fazendo as atividades diárias, a rigidez vai melhorando e as articulações se soltando.

Sintomas extra-articulares da espondilite anquilosante

  • Uveíte anterior: inflamação da úvea, causando vermelhidão e dor nos olhos.
  • Entesite: inflamação da êntese, uma estrutura que liga ligamentos e tendões a um osso. A principal entesite é a do calcâneo, levando à dor e inchaço na região posterior do pé.
  • Inflamação intestinal: diarreia, comprometimento da absorção dos nutrientes e emagrecimento.

Quais são os pacientes mais acometidos?

A espondilite anquilosante acomete mais frequentemente homens jovens. Embora menos comum, pode ocorrer também em mulheres.

Como fazemos o diagnóstico da espondilite anquilosante?

O diagnóstico é feito avaliando os sintomas do paciente e exames complementares de sangue e imagem.

Os exames de sangue podem detectar inflamação, através da elevação de VHS (velocidade de hemossedimentação) e PCR (proteína C-reativa). Não raro, há pacientes que podem ter esses exames normais. Cerca de 80-90% dos pacientes com espondilite podem ter o HLA-B27 positivo no sangue. É importante ressaltar que o HLAB27 negativo não afasta a possibilidade da doença.

Dentre os exames de imagem, podem ser solicitados, de acordo com o paciente, RX e ressonância magnética, que mostrarão presença de sinais de acometimento da coluna e das articulações sacroilíacas. É muito importante analisarmos com critério as alterações nestes exames, para realizar o diagnóstico correto.

O que é HLA-B27?

HLA-B27 (Antígeno de Histocompatibilidade Humano) é um marcador presente na superfície das células do sistema imune. Cerca de 90% dos pacientes com espondilite anquilosante tem HLA-B27 positivo. É importante analisarmos o HLA-B27 dentro de um contexto clínico. A presença do HLA-B27 por si só não confirma a espondilite anquilosante, assim como o HLA-B27 negativo não exclui a possibilidade do paciente ter a doença.

Como tratamos o paciente com espondilite anquilosante?

A espondilite anquilosante é uma doença crônica que tem tratamento e controle. É muito importante o diagnóstico e tratamento precoces, para evitar as sequelas da doença, como: deformidades, redução da amplitude de movimento, alterações oculares permanentes (nos casos de uveíte não-tratada) e, consequentemente, prejuízo na qualidade de vida.

O tratamento divide-se em não-medicamentoso e medicamentoso.

Tratamento não-medicamentoso:

  • Orientações sobre a doença
  • Proteção articular, isto é, o uso racional das articulações
  • Reabilitação
  • Órteses, quando indicado
  • Acompanhamento psicoterápico, quando indicado

Tratamento medicamentoso:

  • Anti-inflamatórios não-esteroides: evitam a progressão da doença 
  • Imunossupressor e imunomodulador: para o comprometimento periférico da doença (inflamação de articulações, como mãos, joelhos e tornozelos) 
  • Medicamentos biológicos, como Anti-TNF e anti-IL17: usados especialmente para o comprometimento axial (coluna e sacroilíacas), extra-articular e nos casos refratários aos outros tratamentos.

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